segunda-feira, março 04, 2019

"Temos de aprender a ouvir, para nos relacionarmos eficazmente com os nossos cônjuges, os nossos filhos, amigos ou colegas de trabalho. E isso exige força interior. Ouvir implica paciência, uma mente aberta e a vontade de compreender - qualidades supremas do carácter. É muito mais fácil agir de modo grosseiro e dar conselhos."


Stephen R. Covey,
Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes, 13ª edição, Gradiva, páginas 44 e 45.

segunda-feira, junho 13, 2005

Eugénio de Andrade 1923 - 2005

ADEUS

Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.

Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes
E eu acreditava.
Acreditava.
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.

Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco, mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor
já se não passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.

Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.

Adeus.

in «Os Amantes sem Dinheiro» (1950)

domingo, agosto 01, 2004

Um excerto para aguçar os sentidos!

«Escrevo, ela escreveu, que a memória é frágil e o trânsito de uma vida é muito breve e sucede tudo tão depressa que não conseguimos ver a relação entre os acontecimentos, não podemos medir a consequência dos actos, acreditamos na ficção do tempo, no presente, no passado e no futuro, mas também pode ser que tudo aconteça simultaneamente...»

Isabel Allende, A Casa dos Espíritos

mais comentários... só para aquecer!

Ainda sobre a Casa dos Espíritos

«Trata-se de uma narrativa vertiginosa que se alimenta de si mesma e parece tender ao infinito. É no seu desfecho que se alcança o efeito trágico da obra cujo limite não é o esgotamento das narrativas, mas um golpe de Estado que metamorfoseia as narrativas em sangue nas sarjetas e as palavras em silêncio.»

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